quarta-feira, 9 de junho de 2010

A inocência de uma criança.

Quando somos crianças e temos cadernos para escrever coisas absurdas, me surpreende quando pegamos um dia, mais velhos esses cadernos para ler. Nossa, o que eu estava pensando há 9 anos sabe? Toda aquela angústia, aquele drama, aquele sentimento eterno e definitivo, quando a gente cresce acabamos perdendo isso, não sei se é melhor ou pior, mas que amar um garoto de 10 anos e dizer que ele é e sempre será o amor de sua vida é um pouco drástico sim, principalmente quando você percebe que aquele garoto era tão feio e brigava com todos os meninos da sala e sempre te ignorava, fora que você não tinha relacionamento nenhum com essa criatura, e ele supostamente é o homem com quem você quer casar? Acho que uma criança de 10 anos não possui escrúpulos para julgar amor eterno ou sequer paixão, digo mais, uma criança de 10 anos pensa sobre isso de que forma? Da forma que cinderela e o resto das princesas contam ou da forma que ela ver os pais dela contando? Claro que são formas diferentes, até porque ninguém vive em um conto de fadas, mas isso é outra história, a questão aqui é quando crescemos deixamos de ser criança em todos os aspectos?
A gente cresce e conseqüentemente amadurecemos, temos decisões para tomar, temos ideais e princípios a seguir, e a cada dia que passa tomamos rumos que nem imaginávamos tomar, ou até imaginávamos, mas quando acontece é bem difícil de acreditar que está tudo acontecendo como planejado. Mas ai em uma mudança e outra encontramos brinquedos que não usamos mais, cadernos que já estão cheios de palavras, livros didáticos que lhe mostram o quanto você era inteligente. Objetos que nem sabíamos mais da existência, alias uns ou outros vinham em nossa cabeça de vez quando, quando falávamos algo sobre nossa infância e sempre perguntando onde será que eu coloquei “isso”? De qualquer forma nunca levamos a fundo de fato para procurar o objeto em questão e matar de vez por todas aquela pergunta que não sabíamos a resposta claramente. Porém mudanças nos forçam a puxar no fundo do baú tantas historias que nem acreditamos que aquela criança foi um dia nós.
No meu caso, por exemplo, fui obrigada a me separar de grande parte da minha infância e não vou dizer que foi doloroso me separar dos brinquedos, dos cadernos, das provas e desenhos, mas alguma coisa doeu sim, mas foi meu ego, foram as lembranças de uma infância que eu sempre julguei 100% feliz e não foi e as partes calejadas foram totalmente bloqueadas que eu não pude nem consertar o defeito em questão, tanto que até hoje ele existe, mas isso também é uma outra historia, possivelmente junto com a do contos de fadas, mas de qualquer modo, o que eu li naqueles cadernos realmente me balançou e me deixou pensando, a razão toda da gente crescer é saber errar e ir ao longo dos anos bloqueando isso ou para um dia você acertar e lembrar que o erro daquela época foi bom? Mas foram tantos erros na mesma tecla, fora as saudades, querendo ou não era mais feliz naquela época, não sabia que aqueles erros eram tão erros assim afinal de contas, eu tinha tantos amiguinhos que eu gostava de brincar e que hoje eu não os vejo, poucos na verdade ainda existem em minha lista atual de amigos e muitos deles não andam tão próximos como prometemos ser.
Dizem que é a vida, que nem sempre vamos ter o que queremos e amigos de infância sempre tomam rumos diferentes pois possuem desejos, ambições diferentes, mas será que uma veterinária só pode ser amiga de veterinário? Ou de enfermeiros de animais? Ou de animais? Porque não ser amiga de uma striper, por exemplo? Ambas trabalham a noite, claro que uma de plantão uma vez ou outra e a outra seria sempre, mas isso não vem ao caso, porque amizade é feito de amor e quando existe amor não existem interferências enormes o suficiente para impedir que esses dois seres continuem se amando. O ponto em questão é, nós complicamos a vida adulta, criamos obstáculos, interferências, criamos problemas, e passamos a cada dia piorar a situação, diferente de quando éramos crianças, que acreditávamos que tudo era pra sempre e que ninguém mais tiraria aqueles amigos e aqueles amores dos seus respectivos lugares, e sim podíamos estar indubitavelmente errados, mas ter certeza que nada vai mudar aquilo e tentar fazer com que nada mude aquilo era o que a gente fazia sem esforço, através de cartinhas, de brincadeiras, de segredos que só contávamos pros mais importantes, enfim, tínhamos soluções e não problemas para sermos felizes, o amadurecimento mudou tanto isso que agora não somos capazes de confiar plenamente em ninguém e ainda nos preocupamos com a inocência de uma criança e não com a prepotência de um adulto, difícil de entender.

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